quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O MENINO MALUQUINHO

Era uma vez um menino maluquinho .
Ele tinha o olho maior que a barriga tinha fogo no rabo tinha vento nos pés umas pernas enormes (que davam para abraçar o mundo) e macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinhos no sótão). Ele era um menino impossível!
A melhor coisa do mundo na casa do menino maluquinho era quando ele voltava da escola. A pasta e os livros chegavam sempre primeiro voando na frente.
Um dia no fim de ano o menino maluquinho chegou em casa com uma bomba: - "Mamãe, tou aí com uma bomba!"
"Meu neto é um subversivo!" gritou o avô.
"Ele vai matar o gato!" gritou a avó.
"Tira esse negócio daí!" falou - de novo - a babá.
Mas aí o menino explicou: - "A bomba já explodiu, gente, lá no colégio."
"Esse menino é maluquinho!" falou o pai, aliviado."
E foi conferir o boletim .
Esse susto não era nada tinha outros que ele pregava.
Às vezes sem qualquer ordem do papai e da mamãe se trancava lá no quarto e estudava e estudava e voltava do colégio com as provas terminadas tinha dez no boletim que não acabava mais. E ele dizia aos pais cheio de contentamento: - "Só tem um zerinho aí, num tal de comportamento!”
A pipa que o menino maluquinho soltava era a mais maluca de todas rabeava lá no céu rodopiava adoidado caía de ponta cabeça dava tranco e cabeçada e sua linha cortava mais que o afiado cerol.
E a pipa quem fazia era mesmo o menininho pois ele havia aprendido a amarrar linha e taquara a colar papel de seda e fazer com polvilho o grude para colar a pipa triangular como o papai lhe ensinara do jeito que havia aprendido com o pai e o pai do pai do papai.
Era preciso ver o menino maluquinho na casa da vovó!
Ele deitava e rolava pintava e bordava e se empanturrava de bolo e cocada, e ria com a boca cheia e dormia cansado no colo da vovó suspirando de alegria, e a vovó dizia: - "Esse meu neto é tão maluquinho".
O menino maluquinho tinha dez namoradas!
Ele era um namorado formidável que desenhava corações nos troncos das árvores e fazia versinhos e fazia canções.
E se escalavrava nos paralelepípedos e rasgava os fundilhos no arame da cerca e tinha tanto esparadrapo nas canelas e nos cotovelos e tanta bandagem na volta das férias que todo ano ganhava dos colegas no colégio o apelido de Múmia.
E chorava escondido se tinha tristezas. O menino maluquinho tinha lá os seus segredos e nunca ninguém sabia os segredos que ele tinha (pois segredo é justo assim).
Tinha uns mais segredáveis, e outros que eram menos.
O menino maluquinho jogava futebol.
E toda a turma ficava esperando ele chegar pra começar o jogo.
É que o time era cheio de craques e ninguém queria ficar no gol. Só o menino maluquinho que dizia sempre: - "Deixa comigo!". E ia rindo pro gol para o jogo começar.
E o menino maluquinho voava na bola e caía de lado e caía de frente e caía de pernas pro ar e caía de bunda no chão.
E a torcida ria e gostava de ver a alegria daquele goleiro.
E todos diziam: - "Que goleiro maluquinho!"
E aí, o tempo passou. E, como todo mundo, o menino maluquinho cresceu. Cresceu e virou um cara legal!
Aliás, virou o cara mais legal do mundo! Mas, um cara legal, mesmo! E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho ele tinha sido era um menino feliz!

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